13 August, 2006

O porquê


Ele se sabia divino. Cuspido nas calçadas urbanas, talvez por merecimento, talvez por aposta. ( uma peça pregada pelo Senhor) Maldito e deformado em sua essência. Um ponto de luz e energia branca entre imprensas marrons e bocas roxons. A encarnação da esperança na pele de um humano; planando sobre sapatos em trânsito nas esquinas da cidade solar, entre carros e bandeiradas eleitorais, vomitado de toda a verdade sobre sua aura imaculada: a mentira de sua existência. Trajes simples em um homem de sustos, catatônico com seu mundo. Prestes à implosão.
Buzinas,buzinas, gritos. Esse era seu novo lugar de estar. Não sabia por quanto tempo, se queria ficar, se queria sair. Mas estar ali o obrigava a digerir toda a vida ao redor . Olhos muito abertos,poros dilatados.. o corpo todo se abria para o novo tempo penetrar, a gala das horas empastando as vistas. As luzes amarelas dos postes se acendem. Ele tem asas...Sim, ele as tem. Os andares azuis do Banco fervidos de olhos curiosos por entender "o que é aquilo? é homem, é mulher?" Risinhos de escárnio e uma impressão ruim na tarde. Onde estou que não me vejo em ninguém? e em mim, esse eu?" Sensação de invisível misturada a um 'ridículo de ser', a confusão sensorial gradativa daquele semáforo... como pensar em si mesmo? Como homem? Como anjo? Como conceito? Como sentimento? "Não aguento,meu Deus eu não aguento, eu não aguento..." e estremeceu. A realidade o matou esmagado pela incerteza. A bondade morreu às 18 horas na esquina da Desembargador Moreira com Santos Dumont, deixou por testemunhas caixas de água e adesivos de candidatos. E um testamento de intenções que até ao mais vil criminoso gelaria. Intentos, intentos, alvos. Era disso que ele precisava, era somente isso que ele queria. Somente. Isso.

03 August, 2006

Pausa.




Saindo de cena. Finalmente o entreatos. Assim espero,ao menos.

"Remind me, remind me oh remind me..."

Vendo luzes, cordas,pontes. Achei uma ajuda. Achei uma proposta. E uma possibilidade. Procurando a calma. Junto do mar. Até mais,companheiro. Mas será que eu volto? Eu-eu? Não sei...e sinceramente...dane-se. Que queime o pedaço podre. E arda o bom do dia.