21 October, 2007


descobri que quando as pessoas passam muito tempo sem lembrar de enfiar o dedo no nariz é porque elas andam realmente ocupadas.







ventinho passando de uma orelha à outra. E denoca é um dos 33 mais interessantes. Mais isso eu já sabia ;)

07 October, 2007

X



Ploc! Uma bolha explodiu. De dentro dela, uma 'familiar sombra cinzenta' escorreu pelo chão e se fez virar poça de mijo...quente e repugnante. Um desgosto opaco de seus antigos brilhos- mas viva ainda em seus cortes- sangra meus dedos silenciosamente....até o dia em que eles simplesmente a param de tocar. Aí não tem mais chão, nem sangue, nem magia. Só uma próxima esquina, e outros novos cortes. E toques. E os passos levando sempre à frente, pra longe de corpo e água, enquanto sua urina desce pelo ralo rumo ao mundo cinzento do seu algum lugar.



vida de lan house= blog desatualizado e/ou texto descuidado. Mas para mim necessário, arrotos meus pros lados de cá. Enfim.

30 August, 2007

l.a.r.

Para as novidades de cá e de lá, eis a minha casinha:


Rua Marquês do Herval n° 688 apto 303
Centro - São Leopoldo
CEP 93010-200
RS




saudades, desejos de abraços e olhos para os novos. Supernovas.

06 August, 2007

rosa branca





o que será
que você vai achar
quando me vir

de longe?
e o que vai pensar
quando sentir
minha mão
ao lado?
desimportâncias corriqueiras que mastigam o calcanhar. Fazer o quê não é mesmo, sejam elas (as respostas) o que forem. Mas pensar nisso me traz uma inquietude calada, porque agora sim eu creio que me verei
de perto.

15 July, 2007

Alháca




Eu tenho um mundo só meu, onde minhas palavras preenchem os ares e se enroscam e se enlaçam. Nesse mesmo lugar, cuspo todas as imagens das minhas frases, num sonho imenso em que elas se plasmam e viram tantas coisas mais. Escrevo como a criança que sou, costurando as linhas do meu universo, que afinal é a única coisa que me vale. Me falta na vida aquele enxame de vivências, talvez o que falte mesmo seja o espírito de mestria, a leveza da mão certa... mas mesmo que essa verdade me olhe fundo nos olhos, eu preciso, Deus, disso aqui. Incompreendida ou não, a matriz dessa vida paralela espalha-se pelo corpo e invade tudo que encontra, fazendo-se mais real do que tudo que se julga 'verdade'.
Chega de saudade, amor, boemia ou loucura. Quero bradar minha normalidade extraordinária; cada ato simplório que os olhos de dentro digerem numa aura celeste e única, colorindo a amargura de se saber medíocre. Eu sou mais normal do que penso, sou mais banal do que sinto. E enquanto essas certezas ecoam pelas esquinas, eu chamo meu lado de dentro pra dançar, eu sacralizo minha própria inutilidade. Uma alienação tão doce e ao mesmo tempo consciente. Reverencio o mundo com minhas calças rasgadas no fundo e aceito de bom grado o gozo de vaias ou aplausos. Quero-os. Mas antes de tudo, eu quero Olhos em mim. Quero bocas cuspidas que me leiam a um fôlego só, feito saga nordestina cantada no miolo da Lata. Quero Quadernas, frenesis e o êxtase. A beleza do desespero em monólogo, a linha entre ele e a Loucura, minha dama Maior. A Insanidade, a quase perda, o pulo no muro dos Jardins da Razão. Um dia eu chego lá. E quando esse dia chegar, me renderei inteira à imagem mais linda que jamais existiu, abrirei muito as pernas para todas as cores que houverem naquela vida e soltarei a mão que me segura à esse mundo de nós todos. Voarei pra longe, enfim.E nunca mais vou lembrar de pousar.

08 July, 2007



Eu tenho uma cama elástica, e dela pulam sonhos todas as noites.

12 June, 2007

Sertoins




Eu quero, meu pai, ter uma princesa de cabelo cor de ouro, uma onda de sol que me cegue o peito arrebatado, jorrado da luz do seu sorriso de amor. Eu quero olhos de céu, meu filho, onde teu amor abra as asas num branco infinito de luas, onde carcará nenhum se haverá. Ah eu quero cantar nos ouvidos da terra adentro minha paixão por ela nas saias que rodam, nos pés descalços, na poeira da testa que eu lamberei para lavar do suor e do fogo. Abrando a quentura desse chão seco na tua sola, te calço com minha pele e corro nas tuas pernas o sangue que eu hei de derramar por quem te fira. Bebo da vida dela, meu pai , bebo dos dedos dela a essência pra minha ferida funda que é amar uma mulher de tão longe, desse além-mar. Lasco minhas costas nos espinhos desse reizado escuro que ela insiste em dançar, duma noite sem lua onde eu só vejo a sombra do seu quadril. Por ela, meu filho, eu teço em seda os laços do meu pau-de-fita, bumbo meus bois nas Porteiras do Céu e carrego o rebanho dos pecadores para os braços do Inferno. Se ela houver, meu filho ah meu filho, transtorno esse mundo inteiro pra buscá-la pra ti, trago-a para nós por todos os peso de ouro que eu puder juntar, nessa e noutra vida; arquejo nos meus braços de velho as dores ressecadas dos amarmores passados. Faço bandeiras com o nome dela e espalho pela cidade inteira; faço uma fogueira, danço um baião e um Pai Nosso pelo Meu padroeiro que de certo não nos faltará meu Padim ciço amém.

Eu quero que ela dance, dance, dance painho, e rebole no mato minhas juntas de homem, minha dureza de vida, essa minha intransigência. Eu quero perder a cabeça, bicho do mato, furioso, caçado. Eu quero é ser achado pelo meio das pedras, pegue de surpresa e de calça curta, degolado de dúvida, duma tocaia só. Quero morrer de amor, mainha, arrebatado no chão, se debatendo quase de morte, tremendo de bala furada certeira bem funda no meu coração. Filho, meu filho, toma tua benção de sorte, meu beijo de medo e raiva, minha fúria calada da noite à espreita dessa que será uma outra de mim pra ti. Não mainha, outra não. Mas uma trança enorme e tão linda, de todas as cores que uma mulher carrega no peito. Eu quero ostentar no meu corpo o emaranhado sedoso de todas as fêmeas do mundo, amá-las a todas amando a uma só. Ver no mar o rosto da minha donzela desenhado das algas e nela me afogar dos abraços de malícia que mainha não pode me dar. Preciso dela, minha mãe, careço dos encantos dela pra me achar. Não pra me perder , mas sim cavucar essa poeira de Macho que eu aprendi a não soprar; desenhar com a ponta da unha, formando desenhos de novas portas, novas casas, novas cores. Eu quero é amar. Abenção minha Virgem, e me protega dessa dor que arrasta meu tempo de Menino Feito no rumo dum abismo Maior que Eu, onde eu quero me largar pra sempre e serenar a brisa dos cabelos das meninas que eu um dia hei de provar.

22 March, 2007

caixinha d'água


De tempos em tempos um vazio extremo me inunda tudo por dentro , corroendo feito ácido os meus melhores móveis. Chega lento, lambendo postes, tomando conta da rua e ocupando espaços de dentro cuidadosamente ignorados. Fazendo por vezes, emergir, sobras de uma dor mais antiga. As carências? batem pelas canelas, enquanto as fotografias do que se deseja boiam ao redor das saias, alcançam os quadris e grudam as coxas há muito não habitadas.
Da sala ao quarto, nada restou inteiro; o que antes era forte-mogno parece tão frágil, que um sopro de vida lhe carregaria a existência toda pelo chão, escrava que é dos olhos que lêem nos contornos sua antiga natureza. A bagunça dessa desconstrução reverbera em sentidos confusos, feito gota quebrada se espalhando no ar. O nulo se esgueira pelas frestas das portas e cauteriza pequenos machucados, esverdeia as cascas. Torna tudo distâncias, mágoas, nojos. Vida e morte irritantemente em excesso, e minha decência sequestrada por uma autocensura digna de Terceiro Reich.
Fui eu quem causei esse tumulto, eu quem desmantelei essa enxurrada que eu não pude conter. Nem poderia, sendo ela sábia para meu lidar com as coisas. Abri os portões e deixei que ela assolasse minhas populações inteiras, fizesse uma limpeza étnica feito um Nero louco, incinerando tudo que fosse vago, feio ou fraco. E na confusão desse fogaréu, acabei por queimar até o que tinha valia, empolgada que estava pelo salpicar de brasas. Altas, altas, labaredas! Mãos gigantes comiam cada pedaço dos meus laços, das minhas certezas tão fracas. Aos poucos, instalou-se o vazio satisfeito da extinção e a estranha sensação de leveza, que é também solidão. Cinzas e azuis de um mundo antes multicolorido, aquele carnaval agora morto.
Enquanto me lavava dos gritos que ouvia, do remorso que já percebia calar em mim, um desejo de purificação aconselha o corpo a ir junto dessas águas, para o meio do redemoinho, acabar-se. É a saga do heroí, a redenção. Lanço-me em minha armadilha e afundando vou até lá embaixo, nos corais, sentindo cada tapa virando alga; a minha própria Paixão. A areia fina nos pés e um corpo morno no fundo, a sarjeta. Bambuzeando e esperando, quem sabe, um Jack congelado que me guie a mão para desenhar melhores palavras...ou ainda, esperando achar minha própria Ametista, a pedra dos regidos de Aquário. Nada disso houvera; virei mar, como o mar onde me afogava.
Achatada pelas tantas outras ondas, seguindo uma consciência agora externa ao meu querer. De um todo, uma mera parte. Movimentos sensuais, leves dedos, para cima e para baixo, girando, girando.. Um turbilhão se forma, sem que eu saiba para onde, enroscando-nos umas às outras forçosamente, puxadas pelos cotovelos a tomar parte pelo desconhecido. Entre as espumas, finalmente, vejo-o rumo à secura incendiária que causei outrora.. O azul, agora, contra o cinza.
Lançava furiosa contra a terra seca minhas costas d'água, pancadas de plasticidade violenta, lama e ressurreição. Engolia cada partícula seca, e cantava: "Sobe-desce-e-chove, sobe-desce-e-chove, sobe..". A fé culpada adoentando e teleguiando aquela missão, e sim e sim e sim, e mais, mais..O calor das minhas preces fervendo o que era água. Enfim minha voz Naquilo tudo.
Pude sorrir,e fez-se chuva em meu perdão. Vinda da terra, rumo aos Céus. É o meu chão que chora, o meu céu quem ama. E liberta do crime, meu mar desfaz-se em gotas e me caio ao céu. As naturezas se confundem e viram uma só: a minha. Nuvens de pedra, ondas de vento, pássaros de poeira e certeza de porra nenhuma. "Minha fraqueza é meu freio, mas meu freio é água"... E depois que essa tormenta passa, volto a plantar o que essa fúria devastou, e um outro ciclo começa; o céu volta a ser céu, e a terra volta a ser terra. As raízes se acomodam, e as músicas acontecem mais uma vez. A bendita calmaria. As outras cores retornam, ainda que somente uma demão. Aos poucos, as vidas vão reocupando seus lugares, mais fortes, mais sabidas. Conscientes que são,agora, dos intempestivos da terra que é seu lar.
Quisera eu poder gelar cubos de danone feito picolé e chupar tudinho, fazendo pouco dessa dor nephélica. Mas não tem jeito. Fui eu quem ninei, acolhi e viciei essa tragédia em mim. Porque eu preciso dela para viver. Para não achar que posso tudo, pra não seguir atropelando às tantas essências alheias à minha, como minha bonança costuma fazer.
Enfiando facas flamejantes, rodopiando pelos salões feito serra elétrica, zombando tudo pela metade. Um exagero de minha parte, grande que sou no que me couber. Desnecessária caça às bruxas,onde a bruxa sou eu. Malvada e sozinha, mas feia e mágica. Voando, mesmo que numa vassoura, e tecendo as novas tempestades que virão. Mas também jogando pragas coloridas nas cidades que erguirei, e cuidadosamente, guardando afetos no meu berço de Cristal.

21 February, 2007

antes que mofe




Num sono calado de roupas no chão, Ana dorme entregue às horas, imersa num mundo de significados amarrados ao pé da cama. Na escuridão dessa madrugada, dançam ao redor dela todos os móveis, os telhados, as portas; giram mergulhando num aquário imenso de dimensões onde há céus e terras ao avesso, enquanto seu corpo- peso- morto jaz no chão... chão? Ana inerte-indefesa às piruetas e saltos no balé das cômodas; pois graças à ela uma cadeira é uma cadeira e serve para sentar e pode ter estofado ou não. Graças à ela o armário mostra seus dentes cor de jeans silenciados em vão. Mas esses mesmos olhos, quando dormidos, quase libertam do cárcere essas ditas 'coisas', que correm pelo ar e se espalham, cuspindo bafos de sonhos e lembranças de deja vus. Até que, vez por outra(seja por susto ou infelicidade), a gente acorda no meio da noite, com uma sensação zonza tilintando aos olhos e a certeza de que uns segundos em pé fará passar o zumbido nos ouvidos. Mal sabem que essa fração de tempo nos faz capitães do mato, açoitando e puxando de volta à jaula cada 'ser' para seu devido 'estar'. E tudo volta a ser Imóveis. Abriram-se então os olhos de Ana, de roupas rasgadas e espada na mão, trazendo adestradas cada coisa em cada santo lugar. Retinho e moribundo, com uma faca na nuca e a boca calada pelo que se julga vida. E seguimos nós, os fantasmas, rumo ao banheiro de concreto cutucar sonhos e rir-se de suas improbabilidades.

04 January, 2007

eqüistazy




Aquele lar que era nosso já não é de ninguém. O sofá, as piadas... tudo parece tão velho e desajustado no corpo que tentar vesti-lo é fazer-se boneca de pano. Sinto a isso como um vomitar-se, pôr as tripas pra fora, ser visto por dentro. E somente por um dentro de órgãos e sangues, pois teus olhos não alcançam mais minhas almas. Agora somos só pedaços. E eu, feito peso morto, um bolo de carne que se enfia em teus planos e te segue, procura uma brecha pra se encaixar novamente no teu compasso... mas que nada, agora é tudo ossos e sombras, quase estranhos. Quando falo, e me escutas, tua distância é tão grande que ouço minha própria voz ecoar perdida no tempo. Nos olhos vazios de tantas cores, minhas palavras são somente lembranças. Como pôde isso acontecer, nós que éramos tão um? Éramos começo e fim de um pensamento, conexão telepática dos nossos sentidos. Agora eu sento, olho-te e à tua nova vida. E eu não estou nela. Fala de mim como se eu não estivesse ali, apaixonada pela lembrança do que eu fui, cega do que eu sou. Mas eu ainda estou aqui, só que fora do teu horizonte. Erguendo as mãos pra que possas me enxergar, mas tua nova vista não deixa. O fantasma que criou de mim te faz pensar que estou ali, ao teu lado. Quando na verdade somos somente...vultos. E de tanto sacolejar braços, me bate o cansaço nas carnes e volto a ser moribunda no teu rastro. Nas minhas lembranças nós ainda havemos, mas nas tuas.... deixa, deixa pra lá. Vai, corre pra tua nova vida, que eu sobrevivo arranhada e muda cauterizando cortes e aprendendo a ser pedra. Pomes.