03 December, 2009

por meio desta

Agora é lei decretada: acabou-se a tristeza. É de capitalidade criminal levar tão a sério o que dói de exagero. Sanciona-se a benfeituria e a leveza peitoral como tarefa obrigatória dos indivíduos concomitantes neste recinto.



Ass: A Gerência.

01 November, 2009

meus paraísos

Depois de partidos os laços com o lar, nenhuma terra te faz cativa, nenhuma relação é inesgotada. Para os que bailam as pistas, a esperança de uma nova viagem é o alimento do espírito, é o que dá alegria e firmamento pro dormir de cada dia. Eu respiro contente as minhas agruras, minhas lacunas, meus receios; pois eles, em todos os seus jeitos e tranças, compôem a magnitude de minha existência bandida e inexplicável, e me cerca de água quentinha os planos de ir-se novamente. Alguns me dizem fugitiva, outros corajosa. Mas o que eu sou mesmo é uma mulher-cavalo, uma andorinha, uma estabanada. Que meus dias na terra não se morram antes do meu corpo! Que o sangue sujo de galho e feno circule em mim por datas longas! Que a fé resista.


Luz aos nossos corações, todos nós.

15 July, 2009

a última página.




Minha angústia toda era falta de mar. Abri os braços e esse buraco manifestado em meu peito encheu-se da mais ondulada onda que essa imensidão pode parir, como um elegante e impolutíssimo modo de dizer: Venha cá galega, que você tá é em casa.

29 June, 2009

tucurana




Venha pra mim, venha, que hoje eu tô molinha, que hoje eu tô derretida inteira nas vitrine das tuas retina.. meu hômi, eu vou te bailá os joelho, te rezá uma prece de louvor aos dia que virão por nóis,às água todinha desse mundo que corre olho, corre perna, corre gente de dentro das casas pra ver nosso amor passá... Ói só, espia meus calcanhar nas tuas perna, minhas coxa no teu pandeiro, nosso sexo exposto nessa roda de baião... e tu nem sabe nêgo, que eu me danço por tua boca, que eu exibo aos óio de quem quiser olhar uma lasquinha do teu afeto, uma pontinha do teu desejo.
Me agarre de música, que são teus braço de santo,e me plante no ventre as nota dessa paixão desgarrada, essa perdição noturna dos teus querê de mim. Desce saia adentro, e eu giro,e giro, e giro... feito pomba endoidecida, eu me pouso no teu sonho feito prêmio de riqueza, e num cavalgar muito do majestoso, eu me lanço sertão adentro, igual fada de feitiço ruim,cantando as noite triste da tua maldita ausência,do sopro envenenado que me deste,bem no pé dos meus ouvido, e que ainda agorinha mermo me entoava a esperança de te emdançar mais uma vez.

01 January, 2009

Gritando pra esses ventos todos pra que carreguem longe essa raiva enojada das pocilgas onde me enfio, dos malandros que atiço e da lama que carrego nos peitos. Vai-te embora,vaza, some com essa palhaçada que já cansou meus cachos de tantos caprichos em madeira de lei. Que se esvaiam em merda tudo que não tem valor, tudo que é pressa e ânsia, tudo que consome em mim o que não veste em flor de real. Tira as mãos de mim, que isso nunca te pertenceu, devolve minha saia e ponha-se escada abaixo, esquece minha janela e carrega contigo esse buquê de cravos roubados. Aproveita e leva contigo o que existe de podre em mim, toda essa nervura engordurada de sonho controlador que atravesso mares enjaulando, sem saber como libertar. Leva contigo a pequenez dos meus limites humanos, das amarras do meu espírito, da voz do meu corpo todo gritando "paz" aos tantos mares. Vai com teu navio fantasma, marinheiro em dor, e joga nas ondas do Pacífico esse tifo de choro sem rumo, essa febre amarela de fracasso, esses velhos ossos afogados de tantos pensamentos sem paixão.