26 July, 2006

A valsa


Tem dias que paro frente ao espelho, me arrumo completa e observo. Eu nunca deixei de ser a minininha da mamãe, de tamancos imensos e batom mal-passado. Mas a cara não continua a mesma.. agora, por baixo do rouge e das sombras, tem uma cara velha de rugas e pés de galinha. Poros dilatados e uma certa tensão por não sei o quê. Nada cresceu...aliás...minto. Muito de mim cresceu e dilatou-se num sem rumo que não consigo mais frear. Porque tudo que eu quero é me sentir pequena. E nessa tentativa de voltar no tempo, blusas grandes e meias já não me bastam. O aconchego do ventre que nem o mais sério amor me devolverá. Eu quero que você venha me ninar, eu quero sugar a vida dos seus seios, eu quero precisar. Eu sonho me completar com teu corpo, voltar a ver o centro em mim. Porque meu centro agora se espalhou tanto, em tantos pontos... uma fina poeira no rastro dos passos. A vida dos grandes é de um vazio que beira o insuportável. Essa consciência maldita, umas ocupações tão bestas e preocupações mais ainda. Ah não, não é essa a vida que eu quero pra mim. Desvendas o mundo numa aventura sonora, engolindo palavras e cuspindo sentidos, num ritmo alucinante de fantasia e descoberta. Eu quero os meus olhos de criança. A decadência infantil de quem desconhece respeitos; esses olhos que tanto ferem, que cravam as garras no peito e deixa as cicatrizes,às vezes, para sempre. A doce malevolência que, se me habitasse agora, seria psicótica e assassina. Porque nos adultos tudo vira doença. O menor acidente vira um crime brutal. Uma explosão dessa crueldade mal-resolvida. São tantos temperamentos, meu Deus, que não suporto mais... Toca caixinha de música, toca...vem me embalar,já que braços não me cabem mais. Contenha-me, emberça-me,por favor, que eu já não me caibo mais.
Chora, chora, minha pequena. deixa que teu sono vem devagar.Fecha os olhos e deixa as lágrimas caírem num bocejo-gosto de mel. Tuas roupas agora são claras, de um rosa-bebê.. e eu estou aqui. Agora dorme, dorme...ssshhhhhhh. .”brilha, brilha, estrelinha... que a Lua chega já.”.

6 comments:

Lee said...

esse texto me arrepiou!
putz...

bom... é... eu bem que queria falar algumas coisas, mas pra você. Não pro "público".
Então... qualquer dia a gente se encontra pelo msn ou te mando e-mail, sei lah!
saudades!
beijos!!

Lee

Elkinha said...

oie! vou linkar teu blog ao meu, assim eu acompanho! hehe

vc manja de edição de imagem?
paint shop pro, photshop, etc.
se sim entao ta fazil pra fazer o template, sobre o html é fazil tbm posso ajudar, o q achas?
=*

Anonymous said...

singelo, sensível... nossa... gostei pacas =]

César said...

poético.

consuelo said...

querida faça teu centro, só nós podemos fazer. te cuido

beijos

Anonymous said...

mulher das prosas poéticas. esse, se não for meu preferido, é, com certeza, um deles. você tem o controle das palavras, poderia fazer o que quiser com elas, falar do que quiser. deve ser ótimo saber brincar com elas assim... é um belo dom, mais um pros meus preferidos.