01 January, 2009
Gritando pra esses ventos todos pra que carreguem longe essa raiva enojada das pocilgas onde me enfio, dos malandros que atiço e da lama que carrego nos peitos. Vai-te embora,vaza, some com essa palhaçada que já cansou meus cachos de tantos caprichos em madeira de lei. Que se esvaiam em merda tudo que não tem valor, tudo que é pressa e ânsia, tudo que consome em mim o que não veste em flor de real. Tira as mãos de mim, que isso nunca te pertenceu, devolve minha saia e ponha-se escada abaixo, esquece minha janela e carrega contigo esse buquê de cravos roubados. Aproveita e leva contigo o que existe de podre em mim, toda essa nervura engordurada de sonho controlador que atravesso mares enjaulando, sem saber como libertar. Leva contigo a pequenez dos meus limites humanos, das amarras do meu espírito, da voz do meu corpo todo gritando "paz" aos tantos mares. Vai com teu navio fantasma, marinheiro em dor, e joga nas ondas do Pacífico esse tifo de choro sem rumo, essa febre amarela de fracasso, esses velhos ossos afogados de tantos pensamentos sem paixão.
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