
Feito um bicho de fora, ele está aqui. Na minha vida. Ocupando as minhas memórias e os meus eletrônicos. Apresentando aos meus olhos toda a vida que existe dentro dele. Aos poucos, e comedido, o regalo das pupilas entrega seu vício. Sempre ali,concentrados em esquinas de vidros ou ângulos em papel. Esse engolir as imagens do mundo num gole só, empurrá-las corpo adentro sem digestão ou ácidos, é de uma natureza tão doce, de um jeito calmo que me faz estacionar. Pois com ele todas as coisas do mundo tem alma. Seu jeito mudo que grita nessas imagens que ele me traz, essas fotos falam por mim e por todos. Esse berro imagético que dói os tímpanos,que tapa os ouvidos, tão surreal. No sossego dos seus braços, talvez eu me caiba inteira. Feito uma moldura, encaixes calculados e equilíbrios de nós dois. Mas não sei.. Ele surgia como esperança de uma vida mais cheia. Caberá nele todo meu mar de fogos e dores que não consigo falar? Os meus sonhos de plásticos podem se chocar com aqueles dedos de galhos...mas não, não.. e se puder, que aconteçam. É esse olhar, são esses gestos que me assistem. Derrubando todos os muros para tentar me fazer enxergá-lo. Algo difícil até para si mesmo. Ver-se. Aprender a ser assim ‘feliz’ faz parte dos planos, tal qual a fazenda, o retorno ao lar, a volta para cá...
E se o mundo freasse e a vida desse uma volta, daquelas que acontecem e embasbacam tanta gente, e eu e você fôssemos o nosso mesmo lugar? Se esse braço couber meus olhos, essa voz couber minha nuca e nosso bailado casar...Se, se, se...E somente se, eu diria. Deixar fluir. Que suposições são amarras para os sonhos. E eu quero voar. Eu que vôo, ele que surfa. E os dias passam. Corramos. Vejamos até onde conseguimos nos desvendar. Que todo esse mistério enerva, mas faz bem. É bonito ver que nem tudo são cortes enfim. Existe a cura. Ou o paleativo? Veremos.