20 January, 2011

reimando




Escutando Sinatra, recordo toda a pompa que meu pai idolatrava ouvir em uma música. Uma voz grave, sinfonias e um piano empostado. Os ritmos de se dançar de par que tanto o agradavam. Bate uma saudade de ouvi-lo aumentar desconcertantemente a vitrola até seu Julio Iglesias gritar. Daquele espirro estrondoso que assustava os despreparados e das doses extras de força que fazia para realizar cada mínima tarefa diária. Assim como o esvaecer da força sobrehumana que fez para manter-se vivo até a noite de ontem, as 22h. Era verdade, tudo era verdade, meu Deus, as frases que habitavam minha cabeça sobre o que eu acredito, descubro-as encabulada habitando meu coração de forma tão profunda que me surpreende. Sinto a pele fria da minha dúvida ir embora junto ao caixão que se fecha, pás de terra sendo jogadas em cima de minha própria incerteza. Algumas lágrimas rolaram, muitos sorrisos saltaram. Meu Homem se foi, mas me habita. Minha Mulher acorda, mas ela sempre esteve aqui. E amanhã o sol nascerá distinto, sendo tão eternamente o mesmo, depois desta feliz Lua Cheia de Sagitário, limpando navegosa os excessos de sofrer. Obrigada.

4 comments:

thiago said...

Quando eu perdi meu pai em 2005, senti coisas que jamais havia pensado que iria sentir. Experimentei ali mesmo, a flor da pele, como é sentir o chão desaparecer por segundos. E a tua existência sumir um pouco. É uma dor que apenas nós sabemos como é. Aprendi que ele apenas se foi daqui, mas ele está sempre me olhando, orando, me vendo, me guiando, com suas vibrações, suas energias. O que está no caixão debaixo daquela terra pesada é só o invólucro da pessoa maravilhosa que foi meu pai. Mas ele mesmo está em outra realidade, sentindo e relembrando a vida que teve aqui. E rindo. E sorrindo.

Saudade de você.

Lee said...

Cá estou e queria uma forma mais fácil de falar com você. Acho que você devia escrever mais. Mais e mais.

Dejetos said...
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Nina D C said...

contadanina@gmail.com :) me interessa e muito, sempre que puder