15 September, 2006

carta-reação

“ Querido P,


Deixa ela ir, Péricles. Deixa ela se juntar aos iguais. Lá vai ela. Vê? Sem armadura ou espadas, feito uma mulher comum. Porque Ela é comum, viu, Péricles? Co-mum. Amor pra você sou eu, mulher forte de braços longos. Teu escudo é meu peito, eu te protejo das sombras da vida afora. Vou para esse Gelo, me afogo e viro poça. Te acompanho. Te faço um só. Misturemos nossas águas, eu te desejo em mim.
Você estava encantado. Ela contou à todos mentiras de você. Sabia? Era feitiço, magia negra, essa qualquer não valeu-se de viver. Ela usa máscara, Péricles, eu também. Somos duas biscates num mesmo salão. Minha fantasia é fluida, é leve, como pena. Pena, Péricles, ouviu? Olha pra mim, deixa ela rodar as anáguas para outro mais promissor. Tu não tens o que ela quer, não entendes, homem? Ela quer posses, luxos, enfim. Eu? Háh, me basta ser torta, talher da tua mesa. Ser teu abraço do Brasil.
Desespera-me te ver falar assim, como se eu fosse um fantasma, uma invenção de tua cabeça. Temo ter entrado tanto em tua mente e me feito tão presente em teus olhos que me vês feito um prolongamento de tuas idéias, um amigo imaginário, sei lá. E não, não é isso que quero. Quero que me vejas como um outro ao lado, uma ponte, um colchão pras tuas dores. Sou tua já. Basta que me abras a porta. Pude ver,minha prenda,agora você. Me veja.

Aretha. "

5 comments:

João Cabral said...

demais o texto! nunca mais a vi, por onde anda? aparece tá? beijos

Anonymous said...

chorei... nao com lagrimas... acho que isso quer dizer muita coisa...

*raquel

Anonymous said...

"tantas águas rolaram, tantos homens me amaram, bem mais e melhorque vocÊ..."

não sei...
;)

Anonymous said...

Otimo. Sabemos demais isso.

consuelo said...

ai eu quero saber a história deste texto. estou em provas, aparvalhada com várias coisas loucas todas mil para fazer.

saudade